maria-judia (Pará), currila, cambaxirra, cambuxirra, garrincha (Alagoas, Minas Gerais e Maranhão), cutipuruí (Pará, Amazonas), rouxinol (Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte), corruíra-de-casa, carriça, garriça, curuíra, coroíra, curreca (Santa Catarina) chirachola e carruíra (Rio Grande do Sul).
É quase inconfundível, ao menos em ambientes alterados pelo homem, pois as outras espécies brasileiras da família Troglodytidae são típicas de ambientes florestais ou restritas a habitats muito específicos.
Até recentemente a espécie Troglodytes aedon tinha sua distribuição registrada em todo o continente americano, exceto acima do Círculo Polar Ártico, no entanto após uma série de estudos, as populações ao sul do México passaram a ser consideradas como uma espécie distinta, renomeada como Troglodytes musculus. Muito comum, ocorre virtualmente em todos os habitats abertos e semiabertos, aparecendo rapidamente em clareiras abertas em regiões florestadas. Habita também os arredores de casas e jardins, inclusive no centro de cidades, e ocupa ilhas na costa marítima, cerrados, a caatinga, borda de matas e margens de banhados.
Nome Científico
Seu nome científico significa: do (grego) Troglodytes = aquele que mora em cavernas; (latim) musculus diminutivo de mus = pequeno rato; camundongo.⇒ Pequeno rato que habita as cavernas.
Características
Mede de 10-13 centímetros de comprimento, e pesa em torno de 10-12 g. É grande cantadora e seu canto trinado, alegre e melodioso, é ouvido principalmente no começo da manhã. Enquanto ela se move sobre construções ou na vegetação, emite sem parar um crét crét, rouco e baixo. Bem pequena, pode ser escondida na palma da mão. É parente do famoso uirapuru, considerado por muitos como a ave brasileira que tem o canto mais bonito.
Subespécies
Possui dezoito subespécies reconhecidas:
Troglodytes musculus albicans (Berlepsch & Taczanowski, 1884) - ocorre no sudoeste da Colômbia e oeste do Equador;
Troglodytes musculus clarus (Berlepsch & Hartert, 1902) - ocorre na ilha de Trinidad, nas Guianas, na Venezuela, no Brasil, no norte do Peru e na Colômbia;
Troglodytes musculus intermedius (Cabanis, 1861) - ocorre no sul do México; do sudeste do estado de Oaxaca e leste de Tabasco até a Costa Rica;
Troglodytes musculus carychrous (Wetmore, 1957 ) - ocorre no Panamá, na ilha de Coiba;
Troglodytes musculus inquietus (S. F. Baird, 1864) - ocorre no extremo sul da Costa Rica, no Panamá e no arquipélago das Ilhas Pérolas;
Troglodytes musculus atopus (Oberholser, 1904) - ocorre no norte da Colômbia, na região de Santa Marta;
Troglodytes musculus striatulus (Lafresnaye, 1845) - ocorre no oeste da Cordilheira dos Andes, na região central da Colômbia;
Troglodytes musculus columbae (Stone, 1899) - ocorre no leste da Colômbia e no oeste da Venezuela;
Troglodytes musculus tobagensis (Lawrence, 1888) - ocorre na ilha de Tobago;
Troglodytes musculus audax (Tschudi, 1844) - ocorre no litoral árido do oeste do Peru; da região de Cajamarca até o norte de Ica;
Troglodytes musculus puna (Berlepsch & Stolzmann, 1896) - ocorre na puna do norte do Peru até o noroeste da Bolívia na região de La Paz;
Troglodytes musculus carabayae (Chapman & Griscom, 1924) - ocorre na região central e sul do Peru; em Junín, Cusco e Puno;
Troglodytes musculus tecellatus (Orbigny & Lafresnaye, 1837) - ocorre na região costeira do sul do Peru; de Arequipa até o norte do Chile na região de Tarapacá;
Troglodytes musculus atacamensis (Hellmayr, 1924) - ocorre no norte do Chile, na região de Antofagasta, Atacama e no norte de Coquimbo;
Troglodytes musculus bonariae (Hellmayr, 1919) - ocorre no sul do Brasil, Uruguai e no nordeste da Argentina;
Troglodytes musculus chilensis (Lesson, 1830) - ocorre no sul do Chile e no sul da Argentina até a Terra do Fogo;
Troglodytes musculus rex (Berlepsch & Leverkuhn, 1890) - ocorre na região central e leste da Bolívia;
Troglodytes cobbi (Chubb, 1909) - [é considerada uma subespécie de Troglodytes musculus] e ocorre nas ilhas Malvinas.
Alimentação
Come insetos pequenos (besouros, cigarrinhas, formigas, lagartas, vespinhas) e pequenas aranhas, e às vezes até filhotes de lagartixa. Captura as presas enfiando o bico em frestas e cavidades, tanto em construções humanas quanto sob a casca de plantas.
Por alimentar-se de pequenos insetos que procura entre a folhagem baixa e em todo lugar escondido nos cantos dos jardins, recebeu o nome científico de musculus, que significa rato, já que dá a impressão de ser um camundongo, quando está saltitando pelos cantos.
Reprodução
Faz seu ninho em todo tipo de cavidade, o que motivou também o nome do gênero Troglodytes, que significa morador da caverna. Com certeza os comportamentos mais notáveis em relação a esta espécie referem-se a sua reprodução, pois a corruíra é capaz de construir seu ninho nos locais mais improváveis. A lista de relatos de ninhos construídos em condições incomuns é grande, passando por telefones públicos, tratores, caixas de música, instalações elétricas, etc. É uma das aves que mais se aproveita dos ninhos artificiais disponibilizados pelos humanos, especialmente caixas com entrada pequena. Nidifica em qualquer cavidade, como troncos de árvores ocas, embaixo de telhas de casas ou em ninhos de outras aves. Os ninhos são constituídos principalmente por gravetos entrelaçados com no máximo 18 centímetros e mínimo 1,7 centímetro. Apresentam folhas, raízes, sementes e diversos materiais industrializados como pregos, metais, papel, plástico e tecido. No local em que são depositados os ovos (câmara), ocorre o revestimento de penas de outras aves, pelos, provavelmente de bovino, suíno e equino, e grande quantidade de cabelos humanos.
Os ovos, de 3 a 6, vermelho-claros, densamente salpicados de vermelho-escuro, com manchas cinza-claras, eclodem após cerca de duas semanas e os filhotes demoram quase o dobro deste tempo para abandonar o ninho. Os pais se revezam nos cuidados com os filhotes.
Observação pessoal (Amanda Perin Marcon): Em meados de setembro e outubro de 2014, observei um casal com seus dois filhotes vindo todos os finais de tarde a um ninho artificial que tenho pendurado na sacada. Sempre barulhentos, entravam e saíam várias vezes até, finalmente, ficarem todos lá dentro. Passavam a noite e cedo da manhã já começavam novamente a se agitar para saírem. Fizeram isso diariamente por cerca de um mês, sempre vindo no mesmo horário do dia. Ainda em meados de janeiro a família aparecia em alguns dias intercalados, mas depois não vieram mais. Em 2015, nos mesmos meses do ano, aconteceu o mesmo. Provavelmente é o mesmo casal com uma prole nova. À noite, cerca de 21h, testei me aproximar para ver se eles se afugentariam. Fiquei ao lado deles e até segurei o ninho nas mãos, mas não foram embora nem fizeram alarde, apenas ficaram me observando. Não verifiquei nenhuma postura ou alimentação aos filhotes no meio tempo em que estavam ocupando o ninho artificial, o que indica que eles vieram apenas para passar a noite em um local seguro, longe de predadores.
Hábitos
A corruíra pode destruir ovos de outras espécies de aves sem nem mesmo alimentar-se deles. Este comportamento pode estar relacionado à eliminação de competidores de outras espécies. Há vários relatos deste comportamento para a espécie americana, e para a brasileira há uma descrição de predação em ovos do sabiá-barranco (Turdus leucomelas). Vive solitária ou aos pares; macho e fêmea cantam em dueto. É encontrada em bordas de matas, cerrados, caatingas, áreas alagadas, campos e áreas verdes urbanas próximas a residências. Esta espécie se assemelha a um camundongo por ter a característica de pular enquanto se locomove pelo chão, por cima de galhos úmidos e por cima de entulhos de construção.
É muito interessante se olhar para essa ave como se fosse uma “aventureira”, pois parece que gosta de explorar as coisas quando se enfia em buracos ou áreas mais escuras da mata. Além disso, ela é capaz de escalar superfícies verticais, como muros e troncos de árvores, como fazem os pica-paus.
Distribuição Geográfica
Possui ampla distribuição, ocorrendo desde o Canadá até o sul da Argentina, Chile e em todo o Brasil.
Fonte do Texto - Wiki Aves
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